quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dona Ângela

“Dona ÂNJAla”
“Doze eram os após..to...los, os seus nomes eu
vos direi, quatro eram pescado...ores...dois
grupos de irmãos...”
A jovem professora de crianças da Escola Dominical, lá pelos idos de 1964, na
igrejinha de madeira da 412 sul, talvez não imaginasse que, mais de 40 anos depois,
pelo menos alguns daqueles alunos lembrariam das letras e músicas com que ela
ensinava os nomes dos apóstolos, dos livros da Bíblia e muitas outras histórias que
influenciariam aquelas crianças por toda a sua vida.
Eu estava lá, junto com alguns outros, hoje cinqüentões, que ainda freqüentam
a Igreja Metodista – para nós, sempre da Asa Sul. Lembro do Dasinho, que já foi
promovido a Daso, da Lea e da Tininha. Havia outros que hoje ainda estão por aqui,
mas aqueles eram “pirralhos” e não freqüentavam a nossa classe: a turma das crianças
“grandes”, esperando o tempo de serem promovidas para a classe dos juvenis.
Até hoje, talvez “dona” Ângela não saiba, ao procurar algum livro na Bíblia,
recorro àquela cantiga, principalmente quando procuro algum dos Profetas Menores,
que se escondem entre as páginas de papel fino que teimam em grudar umas às outras
pelo raro manuseio.
Cresci vendo e convivendo com Ângela Moraes Ziller, para mim, um dos meus
modelos de vida e fé. Freqüentei seu acolhedor lar durante a adolescência, quando o
casal Albiléo e Ângela abria suas portas e seus corações para receber aquele alegre
grupo para estudos bíblicos e ensaios. Hoje, depois que já passei por essa fase de criar
e receber adolescentes em casa, sei o que isso significa: não há Coca-cola e cachorro
quente que cheguem para amainar a fome dessa galera em crescimento, e não há
pedido que silencie ou abaixe o volume das risadas e brincadeiras.
Sempre discreta, sua silenciosa presença fala alto. Fala de amor, de dedicação e
de companheirismo. Outro dia, no ritual de consagração de seu esposo, Pastor Albiléo
Ziller, quando em sua fala, ele, emocionado, referiu-se ao papel que Ângela
desempenhou e desempenha em sua vida, quem conhece o casal, sabe, ao menos em
parte, do que ele estava dizendo: não dá para pensar um sem pensar no outro. Sempre
juntos, companheiros, exemplos de vida e de fé.
Há mulheres assim, cuja vocação e realização é promover o outro. Está sempre
nos bastidores: do marido, dos filhos, dos alunos e de todas as pessoas que,
privilegiadas, estão ao seu redor. Elas se fazem grandes pela influência que exercem.
Pelos frutos terceirizados de sua sabedoria e de seu amor.
A sua grandeza interior extrapola a necessidade de estar visível, mas se faz
presente como o toque de um raro perfume, como a suave brisa que nos acaricia, como
um anjo que nos protege... ou melhor, uma ÂNJAla!
À Ângela Moraes Ziller, minha primeira professora na Escola Dominical da Igreja
Metodista, meu carinho e minha homenagem.
(Dulcinéa Cassis)

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