quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mara e Fábio

Mara e Fábio

Mara e Fábio moram na cidade

Tio Roberto

Tio Roberto mora na fazenda.

         Estas eram as primeiras folhas de minha cartilha de alfabetização, do método Construtivista, quando cheguei a Brasília e fui matriculada na Escola-Classe da 114 Sul, na 1ª série primária em abril de 1967.

         A professora estava de licença médica e tive aulas com a substituta. Quando ela retornou escreveu uma letra bem diferente para registrar o seu nome – Yolanda Ramos Cassis. Fiquei impressionada, não conhecia aquela letra e nem sabia escrever em letra cursiva.

         Em Porto Alegre as crianças escreviam em letra de forma e tinha começado a leitura com um método de memorização – sonoro, silábico e muita repetição. Aqui tudo era diferente, moderno.

         Aos poucos fui me adaptando a nova realidade. Ela era muito meiga e tinha muita paciência. Tinha muita experiência com alfabetização e todos os dias trazia novas folhas para serem acrescentadas na nossa cartilha. De vez em quando, sua filha aparecia para assistir as aulas. A Marcinha.

         A nossa família freqüentava a Igreja Metodista a Asa Sul e para minha surpresa e alegria, quando chegamos na Escola Dominical lá estava minha professora sentada no banco com sua família. Ninguém tinha uma professora tão chegada como a minha. Ela era até da mesma Igreja!

         Com o tempo, a Márcia se tornou minha primeira amiga de Brasília. Quando tínhamos algumas desavenças, lá aparecia a Dulcinéa para apaziguar os conflitos. Já era uma psicóloga precoce e começara cedo sua lida. Seus conselhos sempre foram um bálsamo e ajudaram bastante em nossa fase de crescimento.

          Passamos épocas diversas e em todo o tempo nunca deixei de amar e respeitar a família Ramos Cassis.

         Neste fim de semana, compareci ao casamento do filho da Dulcinéa e do Edgar, o Luis Henrique e me lembrei com carinho a minha cartilha e a base ali plantada, construção, edificação, pedagogia.

         A D. Yolanda nos incentivava com carimbos diversos em nossos trabalhos, tinha os de estrelinha, os de bichinhos e os dos mais diferentes modelos. Na estória de sua vida, também participou de movimentos sociais e orou por mudanças sociais.

         Naquele casamento, pude sentir e me realizar também como profissional da área de educação que sou, vale a pena sonhar e planejar um futuro melhor para as próximas gerações.

         Hoje, estou colhendo muito daquilo que foi plantado pelos meus professores da Fundação Educacional, não enriqueci, mas tenho muitas amizades sinceras. Se cheguei onde estou foi certamente com a ajuda de alguém, algum profissional me ensinou o caminho.

         No casamento pude viajar um pouco ao passado e lembrar minha cartilha:

Luis e Carol.

Luis e Carol moram na cidade.

Henrique e Carolina.

Luis Henrique e Carolina casam na fazenda.

Pois é, que experiência maravilhosa os dois professores nos proporcionaram. O pessoal da cidade teve que relembrar um pouco da vida do campo. É a reconstrução da esperança. É a renovação chegando. A metodologia a didática, o mecanismo e a arte de viver.

E agora deixo uma indagação, será que o novo existe? Acho que dá até pra cantar... Começar de novo...

 Ana Cecília

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